Prefeitura capacita cuidadores de idosos do Programa Maior Cuidado
A Prefeitura de Belo Horizonte está capacitando cuidadores de idosos para atuar no Programa Maior Cuidado – que já atendeu mais de 2 mil pessoas desde a criação. Esses profissionais atendem os idosos em casa, em dias e horários definidos por uma equipe multidisciplinar. Além deles, supervisores e cuidadores substitutos compõem a equipe técnica.
O objetivo do curso é qualificar esses profissionais para o atendimento ao idoso em situação de vulnerabilidade e fragilidade na própria casa, além de trabalhar os limites e os desafios do cuidado.
Por meio da arte, de recursos da natureza e de narrativas visuais, a formação explora o conceito de genealogia e de família, fortalecimento da cultura familiar e afetiva e a identidade de cada participante, estimulando a autonomia dos cuidadores.
A metodologia, que conta com quatro módulos, propõe trabalhar com o cuidador questões de história de vida, família, lutos e elementos de memória do cuidador para que, a partir de sua própria história de vida, perceba a história e vivências do idoso.
O Programa Maior Cuidado está presente nos territórios de abrangências dos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS). Catarina Antônia Kolansk é uma das nove supervisoras e relata que a capacitação trouxe uma visão mais ampla do trabalho e a ajudou a compreender cada história do idoso que acompanha.
“O módulo que abordou as perdas e finitude me emocionou muito. Após a capacitação e no decorrer da semana, ao acompanhar uma idosa de 74 anos ela relatou situações que nunca havia falado para ninguém. Ela fez um resgate na memória de todas as lembranças e chorou bastante. Lembrei-me da formação e tive estrutura diante da grandeza da situação. Se não fosse a experiência e as estratégias de intervenção aprendidas anteriormente, talvez não tivesse estrutura de ouvir e não conseguiria auxiliá-la de maneira que trouxesse bom resultado e que ela se sentisse bem”, afirma.
Para a professora e arte educadora Dulce Couto, uma das responsáveis pela realização das oficinas, essa formação é diferenciada, pois propõe sensibilizar o profissional por meio de processos de experimentação.
“A proposta da formação é qualificar a atenção no domicílio a partir das experiências vivenciadas pelo próprio cuidador, promovendo uma escuta qualificada. Permitimos que o cuidador vivencie situações que geralmente o idoso tem para oferecer e que envolvam as histórias de vida dele. Na maioria das vezes ninguém tem paciência para escutar. Às vezes o idoso guarda um objeto que tem uma história, mas ninguém quer saber dela, joga fora porque quer o local limpo”, ilustra.
Programa Maior Cuidado
O Programa é voltado às pessoas idosas dependentes e semidependentes que apresentam limitações, restrições ou impedimento de acesso à rede socioassistencial e intersetorial relacionadas à situação de dependência de cuidados de terceiros, à mobilidade reduzida ao ambiente domiciliar, à fragilização dos vínculos protetivos e de cuidado no ambiente domiciliar.
Eurides Veiga, 85 anos, mora com sua irmã Eriedina, 63 anos, que começou a ser atendida pelo Programa Maior Cuidado em março de 2017. Eurides é viúva e ajudava a mãe nos cuidados com sua irmã mais nova, que é semidependente, e necessita de ajuda para algumas atividades.
“Desde que minha mãe faleceu, há oito anos, passei a cuidar sozinha da minha irmã. E, desde 2017, a presença da cuidadora tem dividido os esforços, auxiliado nos cuidados e proporcionado conhecimentos. A cuidadora passa uma tranquilidade e tem um carinho e um jeitinho todo especial. Ela auxilia no banho, no café e até trouxe livros para minha irmã desenhar”, conta.
Como acessar
Para acesso ao Programa, os idosos são identificados a partir do acompanhamento de famílias, realizado pelas equipes do Serviço de Proteção e Atendimento Integral às Famílias (PAIF), nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), pelas Equipes de Saúde da Família e do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) nos centros de saúde.
A identificação também acontece por demanda espontânea, por meio de busca ativa e por encaminhamento da rede socioassistencial e das demais políticas públicas da cidade.
O acompanhamento se encerra com a reabilitação ou óbito do idoso. O desligamento também pode ocorrer por opção da família, quando ela passa a ter condições de prover o cuidado, ou por recusa do idoso, e se ele for acolhido em instituição de longa permanência. Há idosos sendo acompanhados pelo Programa nas nove regionais da cidade em 26 Centros de Referência da Assistência Social.
Fonte: PBH – Foto: Patricia Nogueira/PBH