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Douglas Tolentino

Douglas Tolentino, 44 anos
Apaixonado pela sua família, por música, cinema e leitura.
Músico e compositor.

Noite em claro

Noite em claro

Passei muito da minha adolescência assistindo a filmes de terror e suspense e lendo histórias do mesmo, o tema sempre me instigou. Edgar Alan Poe, Stephen King, Marçal Aquino, Paulo Coelho, vários desse autores fizeram parte da minha carga literária nesse género que eu amo. Já no cinema sempre me divertia muito as sagas de A hora do pesadelo, Sexta-feira 13, Halloween, e lembro-me muito dos Contos da Cripta, serie de vários filmes curtos de terror, as histórias eram sensacionais. O nosso enigmático Zé do Caixão apresentava o programa Cine Trash, exibido todas as tardes transmitido pela rede de televisão Bandeirantes, filmes de categoria B e C que eram verdadeiras podreiras desse gênero. O fato é que o mistério que existe no pós morte é prato cheio para nossa mente inquietante, existe vida pós morte? A seres que nos conduzem pelo fúnebre caminho para o além? Esse fino véu que separa vida e morte traz consigo seres misteriosos? São personagens interessantíssimos e até hoje é um assunto que sempre me desperta o interesse. O fato é que sempre existiram histórias, relatos e testemunhos de pessoas que vivenciaram experiencias extraordinárias quando o assunto são seres de luz, fantasmas, demônios, capeta, anjos caídos, alma penada, alienígenas, discos voadores, duendes, fadas, mula sem cabeça, velho do saco, mulher de branco e tantos outros. Certo, dito isso, vamos para uma experiência um tanto curiosa que ocorreu com esse que vos escreve.

Certa noite, um sexta-feira possivelmente, após assistir um filme de terror, não me lembro o nome, era tarde tipo vinte três horas ou quase meia noite. Preparando para dormir fui conferir a fechadura da porta da sala e as janelas. Estava frio e ventava bastante e lembro-me que a cortina balançava como que um fantasma voando. Meus irmãos já estavam todos dormindo, dividíamos o quarto nos três. Minha cama ficava bem próximo a janela e é importa explicar que essa mesma janela dava acesso direto a garagem onde ficava estacionado o Passat 89 do meu pai. Como fazia bastante frio demorei um pouco a pegar no sono, a gente morava ainda no bairro Diamante, o lugarzinho frio. O sono acabou vindo e com ele um terrível pesadelo. Nele o próprio Baphometh, com enormes chifres de bode, asas de anjo e uma chama eterna sobre sua cabeça, me perseguia por um caminho de trilhas estreitas e mata fechada. Eu corria desesperadamente dentro de uma noite de trevas profundas, sem olhar pra traz é obvio. Depois de chegar em um grande campo aberto, olhando ao redor e buscando qualquer tipo de refúgio pra me esconder do diabo, notei que não haviam estrelas no céu e que um barulho começou a chamar minha atenção. Sem saber de onde vinha o som, olhando ao redor eu não conseguia encontrar nenhuma possível direção, parecia estar dentro da minha própria cabeça. Foi quando notei a chama que acompanha o próprio ser horripilante surgir entre as últimas árvores antes do campo aberto que me encontrava. Tentei correr mas estava completamente paralisado. Com sua chama pude ver a silhueta escura de um breu infinito, totalmente diferente da cor preta que conhecemos. Ele se aproximava lentamente e seus olhos brilhavam  em um vermelho como labaredas. Enquanto caminhava em minha direção o som continuava a me incomodar e o que ouvia não eram seus passos de bode. Quando ele ficou muito próximo e a chama sobre sua cabeça iluminou meu rosto, pude ver sua barba fina e rala, ele ergueu o braço direito e com os dedos indicador e médio rígidos, apontou para o que parecia ser o céu. Eu desesperado acordei de repente em minha cama, suando frio e paralisado. Depois de alguns segundos notei que o som que ouvia no pesadelo continuava na vida real, ali mesmo no meu quarto. Tentando me acalmar por alguns minutos, com a cabeça debaixo do cobertor, notei que na verdade o barulho vinha do lado de fora do quarto, da garagem para ser exato. Impressionado com o terrível pesadelo não conseguia me mover e na verdade não pretendia. Fiquei ali ouvindo o barulho por algum tempo sem saber o que fazer, ainda com a imagem de Baphometh na minha cabeça. Não sei por quanto tempo fiquei ali escutando o estranho barulho, até que de repente parou. Passei o restante da noite em claro, dormindo ali uns minutos, apenas cochilando.

No dia seguinte levantei cansado e com corpo bem ruim devido a noite mal dormida, notei que meu pai estava com vários vizinhos na porta de casa e conversavam agitados. Perguntei pra minha mãe o que estava acontecendo e ela disse:

– Roubaram o rádio do nosso carro essa noite, acredita?

– Acredito.

 

Obrigado a você que acompanha nossa coluna aqui no Barreionline.

Deixe abaixo seu comentário, e caso tenha passando por uma experiência estranha, sinistra e assustadora compartilhe com a gente.

Abraços, continuem a usar mascaras e álcool em gel e até a próxima!

 

Douglas Tolentino

Arte gráfica: Douglas Tolentino_ Baphometh in drive

 

Comentários (2)


  1. Muito bom texto meu caro, foi alertado do roubo em sonhos, mas temeu em olhar para fora, pegaria o larápio no pulo kkkk.

    Forte abraço amigo.

  2. Filmes, pesadelos e realidade se misturando conduzindo a infância e adolescência de muitos!

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