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Douglas Tolentino

Douglas Tolentino, 44 anos
Apaixonado pela sua família, por música, cinema e leitura.
Músico e compositor.

As quatro estações

As quatro estações

O final de uma década, o ano 1989, as expectativas para os anos 90 eram as melhores possíveis, mas…
O novo presidente, Fernando Collor de Melo, sofre impeachment dois anos após assumir o cargo, sabemos hoje que foi a maior roubada daquelas eleições. O clube Atlético mineiro conquistava seu trigésimo quarto título no campeonato mineiro de futebol, com o placar de 2 X 1 sobre o América. No mês de agosto perderíamos aquele que é o verdadeiro pai do rock nacional, Raul Seixas, falecido em 21 de agosto, devido a uma parada cardíaca em decorrência de sua dependência ao álcool e das complicações da diabetes. O rei do baião, ícone do xote, Luiz Gonzaga, silenciaria sua sanfona também no mês de agosto, em consequência de uma parada cardiorrespiratória, no dia dois daquele mês. Em 09 de novembro ocorre a queda do muro de Berlim, que por 28 anos dividiu a Alemanha. Símbolo máximo da Guerra Fria, foi construído em 1961, e separava o país em dois lados, oriental comunista e ocidental capitalista, era a representação da luta silenciosa que acontecia entre EUA e URSS desde o pós-guerra. No cinema o tão esperado filme do Batman chegou batendo recordes de bilheteria. Dirigido por Tim Burton e com Michael Keaton no papel do vigilante noturno, mas foi Jack Nicholson como o vilão Coringa que roubou a cena, inclusive conquistou o Globo de Ouro como melhor ator naquele ano.
Mas voltando ao título da coluna de hoje, as quatro estações, não estou me referindo a clássica composição do italiano Antônio Vivaldi, composta em 1723 para violinos e orquestra. Estou me referindo ao álbum As Quatro estações, da banda de Brasília, Legião Urbana.
Sucesso instantâneo de vendas e crítica, as gravações para esse disco duraram 12 meses, entre julho de 1988 a agosto de 1989. Renato Russo, letrista da banda, marca seu retorno com composições cheias de lirismo, com citações de Buda a passagens bíblicas e questões existenciais. Bem diferente das letras escritas em tom de protesto do álbum anterior, Que pais é este? de 1987.
Nesse ano em específico eu ainda estudava no Senai, ali em Contagem. Escola de ensino profissionalizante onde se formava o primeiro grau e ainda um curso técnico, no meu caso Ajustador mecânico. Era uma parceria entre o grupo Sesi e o setor industrial do estado, que preparava jovens cidadãos para nutrir com mão de obra especializada o principal parque industrial de Minas Gerais.
As aulas eram divididas em duas partes, manhã com estudos para formação do 1º grau, e a tarde formação técnica. Eu chegava em casa por volta das 17:00 horas, depois de esperar pacientemente pelo antigo ônibus 1136, alguém ainda se lembra dessa numeração?
Eu voltava pra casa, e tomando meu café, me deliciava com os caricatos personagens da saudosa escolinha do professor Raimundo, apresentado pelo humorista Chico Anysio. E foi em dezembro, se não me engano, que depois da aula, com um sorriso no rosto, eu me dirigia ao centro comercial do Barreiro para comprar o mais novo álbum banda. Não preciso explicar que a Legião Urbana foi um dos grupos mais importantes do rock nacional, né?
A euforia de ter em mãos o meu primeiro LP, estou falando aqui do vinil, era uma verdadeira obra de arte, alguém tem algum em casa por aí?
A loja era uma filial da hoje extinta Diskoteka, com aquelas letras em vermelho enorme, e era assim mesmo com dois Ks. A caminho da loja fui cantarolando o que já tocava nas rádios e que se tornaria um dos hinos de maior sucesso do grupo, Pais e filhos, segunda música no álbum.
A música, para que não conhece, espero que não seja o caso de você leitor. Narra a história de um suicídio, além de levantar questões da infância e adolescência, coisas que todos nós já passamos, sem é claro o ato em si da ação mencionada. Experiências individuais vividas e agora compartilhadas nas estrofes da canção. O refrão, o grande trunfo da composição de Renato Russo, é um hino ao desapego e a arrogância, uma declaração de amor ao próximo.

” É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã. Porque se você parar pra pensar na verdade não há…”

A melodia criada pela banda mescla uma mistura de rock e jazz que nos envolve num ambiente intimista e de tom sombrio, que explodia num refrão capaz de incendiar estádios e fazer deste álbum o primeiro da banda a alcançar a soma de mais 1 milhão de cópias vendidas, hoje conforme verifiquei já são mais de dois milhões de cópias. Nesse álbum ainda havia hits radiofônicos como, Há tempos, Quando o sol bater na janela do seu quarto, Meninos e meninas, Monte Castelo, Se fiquei esperando o meu amor passar.

Bem-vindo anos 90!

Coincidência ou não, por coisas que a gente não sabe explicar, o meu filho tem nome de santo.

“ Ouça no volume máximo ”

Deixe aqui seu comentário e compartilhe conosco o álbum ou música que te marcou nessa época.
Obrigado por ler essa coluna, e se gostou compartilhe com seus familiares e amigos.

Abraços e até a próxima!

Douglas Tolentino

Arte: Douglas Tolentino

 

Comentários (4)


  1. Os ônibus que levavam os prelas e veteranos do SENAI Euvaldo Lodi!!!
    🤣🤣🤣🤣🤣🤣 Uma Diversão à parte!!!!
    O meu era o 1131. Como alguns Coleguinhas gostavam de brincar:
    Da Roça para Contagem!!!!

    As Quatro Estações é um álbum Sensacional.

    Acho até que se tem alí um divisor de águas do Rock N’Roll nacional!!!!
    A ousadia de sair do trabalho anterior, Que País é Este. Fazendo o Lírico Quatro Estações é uma capacidade incrível de mudança na musicalidade da banda e ao mesmo tempo, uma permanência em suas características!!!!!

  2. Acacio Alves Pinto Junior

    Cara só agora consegui abrir.
    Quantas lembranças.
    89 eu ouvia ainda muito o que ouço hoje…
    Chico, João Bosco, MPB4. E alguns Rocks e Pops da época , entre eles Legião..
    Forte abraço meu caro amigo

  3. Sensacional Douglao…..bela matéria e 1136 era dureza!!!!!

  4. Douglas Tolentino

    Obrigado a todos pelos comentários e até a próxima!

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